Padrão oficial da ADBA – American Dog Breeders Association

Muitos desses “experts” aparentam não possuir a capacidade para quantitativamente distinguir um atributo físico de outro. Muitos começam com um animal que eles gostam e constroem um padrão para enquadrá-lo, mas alguns têm uma percepção totalmente distorcida sobre quais dimensões físicas trabalham melhor.

As pessoas cujas opiniões sobre conformação têm passado pelo teste dos anos são, sem exceção, profissionais que ganham dinheiro com os animais. Um vaqueiro experiente é capaz de selecionar dez dentre duzentas vacas leiteiras baseando-se em sua conformação, assim como aqueles ligados a cavalos sabem que aqueles com certas características dificilmente cruzam a linha de chegada em primeiro. Profissionais buscam animais aptos a desempenhar uma tarefa. Amadores, justamente porque não têm como testar suas teorias, apenas alimentam suas imaginações.

O pit bull foi desenvolvido no passado para vencer seu oponente num combate. Sua conformação deve, então, ser baseada na tarefa que ele deveria desempenhar. Desta forma, o padrão de conformação não pode ser baseado naquilo que alguém pensa que seja a aparência de um cão de combate; deve ser baseado nos atributos físicos apresentados por cães vencedores.

O mundo mudou e com ele mudaram os padrões sociais, éticos, morais e legais. Não sendo mais admissível que brigas de cães ainda ocorram no mundo de hoje, é de se esperar que, à vista do acima exposto, a aparência da raça vá se transformando até que pouca semelhança guarde com os guerreiros de outrora.

Para que as gerações futuras possam conhecer a estrutura autêntica do mais extraordinário animal que o homem já criou, foi escrito este padrão, tendo como premissa que a conformação deve refletir o ideal para o emprego do animal.

CONFORMAÇÃO

Aparência Geral

Primeiro, olhe para o perfil global do cão. O ideal é que ele pareça quadrado quando visto pelos lados. Isto é, a distância do ombro até a ponta dos quadris é aproximadamente igual à distância do topo do ombro ao chão. Este cão terá uma postura altiva e terá o máximo de alavanca para seu peso.Isto significa que, numa posição normal de “stay”, com o jarrete ligeiramente atrás dos quadris, a base do cão (distância entre os pés) será ligeiramente maior do que sua altura. Utilizando os quadris e os ombros como guias evita que o observador seja enganado pela forma como o cão esteja em “stay”.

A proporção peso/altura é crítica. Como os cães entram em combate com pesos idênticos, quanto maior for o cão naquele peso, maiores suas chances. Daí temos que cães atarracados, com corpos alongados, ombros pesados e pernas grossas usualmente perdem para oponentes mais altos e esguios.

A natureza normalmente dota um cão alto e esguio com um pescoço mais longo. A prática já comprovou ser esta uma grande vantagem, por permitir que este cão alcance partes importantes de seu oponente antes que este faça sua “pegada”. O pescoço deve ser fortemente musculoso desde a base do crânio.

TRASEIRA

Em segundo lugar, observe sua traseira. Esta é o propulsor de qualquer quadrúpede. Oitenta por cento do trabalho de um cão de combate é executado pelos quadris e patas traseiras.

GARUPA

Uma garupa longa e descendente é da maior importância, pois seu comprimento é o que permite que o fêmur funcione como uma alavanca. Esta garupa longa dá ao cão um aspecto ligeiramente carpeado – daí o tão comentado porte baixo da cauda.

A pelve e os posteriores devem ser largos, proporcionando uma ampla superfície para inserção dos glúteos e dos biceps femoris – os principais propulsores desta máquina.

PATAS TRASEIRAS

O fêmur deve ser menor do que a tíbia. Isto significa que a articulação do joelho deverá ficar no terço superior dos membros posteriores. Não é difícil encontrarmos cães com joelho baixo. Via de regra, eles possuem uma musculatura mais impressionante por causa do biceps femoris maior, mas são supreendentemente fracos e lentos por causa da perda de alavanca causada pelo fêmur mais longo. Um fêmur mais curto que a tíbia usualmente proporciona uma boa angulação de joelhos, o que por sua vez leva a uma boa angulação de jarretes. Este último é um aspecto crítico da “wrestling ability”. Quando um cão é empurrado para trás, ele precisa se basear na elasticidade naturalmente proporcionada por sua angulação para controlar seu movimento. Cães sem angulação lutarão bem enquanto sua força muscular puder sustentá-los, mas tão logo seus membros posteriores se cansem, perderão sua capacidade de combater.

TÓRAX

Por fim, observe seus anteriores. O cão deve possuir um toráx profundo, com costelas bem arqueadas acima, mas estreitando para baixo na direção do esterno. Profunda e elíptica, quase estreita mesmo, é preferível ao formato arredondado como um barril. A caixa toráxica aloja os pulmões, que são bombas e não tanques de armazenamento. As costelas são como foles. Sua eficiência está relacionada com a diferença de volume entre a contração e a expansão. Um cão que possua a caixa toráxica como um barril, além de carregar mais peso para sua altura, tem uma bomba de ar de baixa eficiência; precisa respirar mais vezes para conseguir o mesmo volume de ar. A profundidade da caixa toráxica proporciona  mais espaço para pulmões maiores.

OMBROS

Os ombros devem ser ligeiramente mais largos do que a caixa toráxica na altura da oitava costela. Ombros muito estreitos não suportam uma musculatura adequada, mas ombros muito largos tornam o cão lento e adicionam peso desnecessário. A escápula deve ser larga e achatada, fazendo um ângulo de 45 o ou menos com o chão. O úmero deve estar em um ângulo idêntico na direçãp oposta e ser longo o suficiente para que os cotovelos fiquem abaixo da base da caixa toráxica. Os úmeros devem estar quase paralelos à coluna vertebral  e os cotovelos juntos do corpo, não para fora como num bulldogue inglês. Este tipo de ombro é mais facilmente deslocado e quebrado.

PATAS DIANTEIRAS

Os antebraços devem ser apenas ligeiramente mais longos do que os úmeros, robustos e sólidos – aproximadamente o dobro da grossura dos metatarsos dos jarretes. As patas dianteiras e os ombros são severamente castigadas em combate e sua robustez é uma grande vantagem.

A relação entre as patas dianteiras e traseiras deve ser, à primeira vista, de uma forte dianteira e uma traseira delicada. Isto se deve ao fato de que, em um cão atlético, os jarretes e a parte inferior da tíbia devem ser leves e flexíveis. As patas dianteiras devem ser pesadas e de aparência sólida. Contudo, o observador experiente irá observar a pelve larga, o traseiro e o fêmur poderoso, componentes que proporcionam um posterior mais musculoso.

CABEÇA

A cabeça varia mais no pit bull moderno do que qualquer outra parte do corpo, possivelmente porque sua conformação é o que menos tem a ver com sua performance. Porém, certos atributos que parecem ser vantajosos. Em primeiro lugar, seu tamanho. Uma cabeça muito grande apenas carrega mais peso e aumenta as chances de Ter de lutar com um cão mais pesado. Uma cabeça muito pequena é facilmente castigada por um nose fighter e também muito facilmente sacudida por um ear fighter . Já num cão bem proporcionado, a cabeça parece ter cerca de 2/3 da largura dos ombros e ser cerca de 25% mais larga nas bochechas do que no pescoço na base do crânio; a distância do occipital até o stop deve ser quase igual à distância do stop à ponta do focinho. O encontro do crânio com o focinho (“bridge of the nose”) deve ser bem desenvolvido, o que torna a área diretamente sob os olhos consideravelmente mais larga do que a cabeça na base das orelhas.. A profundidade do topo do crânio à base da mandíbula é importante. A mandíbula é fechada pelo músculo fossa-temporal exercendo pressão no processo coronóide. Quanto mais profunda for a cabeça neste ponto, isto é, entre o arco zigomático e o processo angular na base da mandíbula, maiores serão as chances de que o cão possua maior poder de alavanca para fechar a mandíbula e mantê-la fechada. Um focinho compacto e mandíbulas bem desenvolvidas não têm muita relação com potência da mordedura, mas suportam melhor o castigo em combate. Cães com lábios pendentes ficam continuamente prendendo os lábios nos caninos (fanging) , o que é uma grande desvantagem para eles. Os dentes devem se encontrar na frente, mas o mais importante é que os caninos devem trabalhar bem ajustados, os superiores por trás dos inferiores, quando a boca se fecha. Os olhos são amendoados quando vistos pela frente.

No geral, tal cabeça possuirá o formato de uma cunha quando vista pelo topo ou de perfil, redonda quando vista pela frente.

PELAGEM

A pele deve ser grossa e solta, mas não apresentar dobras. Deve parecer estar bem estirada, exceto em torno do pescoço e do peito. Aqui a pele deve ser solta o suficiente para apresentar pregas verticais mesmo num cão bem condicionado (atenção: NÃO é barbela!). O pelo pode ser de qualquer cor ou combinação de cores e deve ser curta e áspero. O brilho da pelagem usualmente reflete a saúde do cão, o que é importante para o atlético APBT.

CAUDA

O porte da cauda é o mais importante. Ele deve ser baixo. Seu comprimento deve ser até logo acima da ponta do jarrete, grossa na base e afinando para a ponta e deve pender como a manopla de uma bomba quando o cão está relaxado.

PÉS

Os pés devem ser pequenos e altos (pés de gato). A movimentação do cão deve ser leve e elástica.

MUSCULATURA

A maior parte do que foi descrito acima se refere às características ósseas do cão. Quando olhamos para sua musculatura do ponto de vista do criador, é muito mais importante olhar para as características genéticas do que para a aparência obtida pelo condicionamento. Um cão geneticamente poderoso pode ser um vencedor mesmo nas mãos de um treinador inepto, mas um cão geneticamente fraco precisa de um bom handler para vencer. O condicionamento não pode fazer muito por ele.

Pense nos ossos como alavancas, tendo as juntas como fulcro e os músculos como a fonte de força. Os músculos devem ser longos. Músculos curtos podem ser mais impressionantes, mas não são atléticos. A potência de um músculo reside em sua capacidade de contração; quanto maior a diferença entre o relaxamento e a contração, maior sua potência.

CONCLUSÃO

Acima de tudo, o APBT é um atleta completo. Sua constituição deve ser apta a proporcionar velocidade, força, agilidade e energia física, mental e emocional para suportar atividades extenuantes por longo tempo. Ele deve ser equilibrado em todas as direções; o exagero de uma característica vai roubar alguma coisa de outra.

Distribuição de pontos (Total = 100)

Aparência Geral 20 pontos Atitude 10 pontos

Cabeça e pescoço 15 pontos Anteriores 20 pontos

Traseira 30 pontos

Cauda e pelagem 5 pontos